sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Renascimento e reflexão em cena


Espetáculo “Tudo começa pelo fim” marca e reflete sobre início do processo de renovação de Grupo de Teatro Estudantil

Dia 20 de Setembro, às 20h00min estreia no Colégio Central Casa Branca a nova montagem do Grupo Brinquedo Torto, que ficará em temporada por um mês no Espaço Cultural do Colégio. Selecionado para participar do Festival Fundação das Artes de Teatro Estudantil, “Tudo começa pelo fim” é um espetáculo que propõe uma reflexão sobre o tema “recomeço”.

Após uma experiência trágica no fim de 2013, o grupo iniciou um processo de renovação e reflexão sobre si próprio. Através de uma obra forte e rica em diversidade de assuntos, conta-se a história de Marta, menina introvertida, que encontra na dança uma forma de relacionar-se com o mundo. Mas uma fatalidade altera o abala as estruturas de sua família e de sua própria vida para sempre. Marta e seus familiares serão obrigados a olhar para trás, corrigir os erros e recomeçar.
Esta é a décima quarta montagem do grupo, fundado em 2008 e que há anos figura na cena teatral estudantil da região como grupo referência, tanto pelo número de trabalhos realizados e relevância das propostas. Com participações e prêmios em festivais de teatro dentro e fora do Estado, em 2013, um livro contando todos os processos de montagem da história do grupo foi lançado, juntamente com uma série de ações que comemoravam os cinco anos de teatro.
O grupo também tem vocação para o intercâmbio, o diálogo e a articulação entre coletivos do mesmo segmento. Em 2013, foi responsável pela criação do Projeto Potência, intercâmbio cultural entre grupos estudantis das cidades de Santo André, Diadema (SP), Pará de Minas e Florestal (MG). Este ano, o intercâmbio acontecerá no ABC e outros grupos da Região também estarão envolvidos.

Serviço:


Texto: Tudo começa pelo fim (Nome provisório)

Gênero: Drama Psicológico
Dramaturgia: Miguel Tescaro e Varlei Xavier
Canções: Cleide Evelin e Varlei Xavier
Sinopse: Marta, menina de personalidade forte e introspectiva, foge de casa com medo da consequência de seus atos. Arrependida, vaga pela cidade sem rumo. Após horas de procura, seu pai e seu irmão a encontram e na volta para casa, algo terrível ocorre. Nada será como antes. Marta terá de reerguer-se, reconstruir-se, encarar sua família, ou o que sobrou dela, de frente. Mas não há heróis ou vilões. Há seres humanos, que precisarão, a despeito de seus erros, recomeçar após um trágico fim.
Temporada: Dias 20, 21, 27 e 28 de Setembro, 05, 18 e 19 de Outubro (Sábado às 20:00, domingo às 19:00)
Local: Colégio Central Casa Branca - Rua 11 de Junho, 521, Bairro Casa Branca - Santo André
Ingresso: R$20,00 (Inteira), R$10,00 (meia)
Classificação etária: 12 anos

Contatos:



Responsável: Varlei Xavier
(11)973193436
Página do Grupo no Facebook


Página da personagem principal do espetáculo.


Vídeos de promoção:




sábado, 31 de maio de 2014

Do meio do caminho



Aqui venho eu postar informações sobre este novo processo e refletir sobre o ano que estamos tendo. Lá vem Junho e chegamos no meio do ano. Meio do caminho para nós. Acho que já é hora de dar notícias. 


"No mundo judaico antigo, um de cada sete anos era destinado por lei ao repouso compulsório. A terra não podia ser cultivada, as dívidas se extinguiam, os escravos conquistavam a liberdade. Não era permitido sequer colher os frutos das árvores. Terminado esse período, conhecido como ano sabático, tinha início um novo ciclo de vida.

Nos dias atuais, o sabático está de novo em evidência, mas agora com um novo significado, de caráter pessoal. A ideia básica ainda é realizar uma pausa prolongada antes de uma nova etapa. Mas já não se trata apenas de deixar a terra inculta. A meta agora é cultivar o espírito, para que algo novo floresça.


(...) os adeptos do sabático abandonam afazeres e responsabilidades para mergulhar dentro de si mesmos, em uma jornada de redescoberta e reinvenção."

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2013/05/periodo-sabatico-e-uma-opcao-para-quem-quer-se-descobrir-4141304.html

Desde o fim de 2013, entramos em período sabático. Era preciso refletir, repensar e reinventar-se. Não seria fácil. Além disso, tínhamos a certeza de que um ciclo na história do grupo havia se fechado. Nada seria mais como antes. Foram três anos desde o início daquela geração que estreou com "Guerreiros Meninos", passou por "O Carteiro de Bonecas", "Gran Circo 2.0" e despediu-se em "A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis". A renovação seria um processo, não repentina e abrupta, mas lenta e trabalhosa.

Assim começou nosso 2014: Com uma oficina-teste para a formação do novo elenco. Como todo teste pelo qual passa o grupo, seu objetivo não é separar o bom do ruim, conceitos discutíveis. O teste é apenas um momento para cada integrante observar o que lhe espera e acontece quase uma auto-seleção. Desta vez não seria diferente, mas seríamos muito mais rigorosos. Não gostaríamos de repetir fórmulas e erros do passado e para isso, era preciso que fôssemos sinceros, duros e verdadeiros com quem viria. 




O novo é assustador. A primeira semana foi bastante tensa e dos 12 inicialmente inscritos, a auto-seleção reservou-nos 6 nomes para o novo elenco, sendo metade (3 integrantes) remanescentes da geração anterior. Um grupo que há anos vinha se acostumando com elencos de 18, 20 pessoas, mostrava-se então reduzido a um terço do que antes era considerado normal. Foi difícil para todos nós encarar uma mudança tão radical. Muitas dúvidas, perguntas e algumas revoltas vinham à mente de todos: elenco, equipe, direção. Era difícil entender e reconhecer o próprio grupo. Nada seria realmente como antes. 



Em meio a conflitos e lutas iniciaram-se os trabalhos e o primeiro alento veio com a leitura de uma cena escrita por Miguel Tescaro, ator que pertenceu à geração que terminava e que assumia a dramaturgia do grupo. Uma cena forte como queríamos. Vínhamos de duas comédias e era importante mudar o universo de pesquisa. Logo o ensaio pegou fogo. Vieram outras cenas e o fogo se alastrando. Fomos percebendo o que nos movia a contar aquela historia: nós mesmos, nossa própria jornada de renascimento. Nosso próprio período sabático. Mais uma vez falávamos do próprio grupo.  


Gente nova chegou no meio do processo, precisávamos de mais um ator e uma musicista. Eles vieram e finalmente chegamos à configuração ideal do grupo. Novamente havia um grupo, uma nova sintonia vinha sendo criada. Uma nova identidade coletiva vinha sendo desenvolvida. Eram horas de discussão e debate acerca de nossa história, do tema proposto e de questões relacionadas. Estávamos prontos para finalmente começar a levantarmos o espetáculo. Mais um momento de conflito. 

Não era um texto fácil. Cheio de nuances e particularidades, tem sido difícil resolver questões técnicas, de compreensão da proposta e execução por um elenco em sua maioria inexperiente. E é um trabalho longo, árduo e que não se solucionará em um passe de mágica. Mas a magia tem se dado por meio dos valores do grupo: RESPEITO por si mesmo, pelo grupo e pelos parceiros; UNIÃO, um grupo menor, mais próximo, coeso; GARRA e força de vontade para executar tudo o que é pedido; DISCIPLINA, a cada dia com horário, com as faltas que hoje quase não existem, com a roupa de ensaio, sempre preta; AMOR por si próprio, pelo trabalho, pelo grupo, pela arte. Tudo executado com retidão.

Resultado: um cronograma feito já prevendo problemas, mas foi cumprido à risca. Nesta semana marcamos a última cena de um espetáculo que estreia apenas em Setembro. Ou seja: temos tempo suficiente para atingirmos a profundidade de que precisamos. Nunca havíamos conseguido cumprir cronogramas desta forma. Sempre havia faltas, atrasos, textos não memorizados e todo o tipo de imprevistos, que não ocorreram desta vez. Era isso que buscava no início do ano. Um elenco realmente comprometido com o ideal do grupo, com o processo de montagem, com a arte. Que se dane a experiência, ela se ganha, técnica se adquire, se desenvolve, mas essa dedicação é difícil de conseguir. Mesmo que se peça, se implore, só acontece se as pessoas envolvidas realmente quiserem e estarem dispostas. E hoje todos estão. Os ônibus "atrasam" menos, cada um sabe de suas responsabilidades, pouca gente fica "doente" ou tem "compromissos inadiáveis" na hora do ensaio. É até engraçado dizer isso. Mas sinto orgulho deste elenco apenas por eles cumprirem seus deveres da maneira que cumprem. Só isso já me deixaria orgulhoso independente do resultado a que chegássemos. 

E nesta quinta feira, durante a marcação da última cena, a magia aconteceu. A ficha caiu. A história que contamos finalmente veio à tona. Enquanto o elenco marcava a última cena, músicos e direção acompanhavam emocionados cada fala, cada gesto cada lágrima que caía do rosto daqueles 7 heróis, que com suas mãos vinham reconstruindo a história do próprio grupo através daquela metáfora. Foi um dos momentos mais marcantes que vivi nestes 6 anos de jornada. Terminada a última música, fiz algo de que não me lembro ter feito outra vez num ensaio, na marcação de uma última cena: aplaudi aqueles meninos, e fui até a cena dar-lhes um beijo na testa por aquilo que haviam criado: uma sintonia profunda. A emoção tocou uma das atrizes e todo o elenco deixou-se tocar também, puro jogo, relação profunda entre ator-ator-equipe-plateia. Revisamos mais algumas cenas, havia muitas questões técnicas a serem resolvidas, mas parei para assistir o elenco realmente atuando, defendendo seu personagem, reagindo a tudo o que os outros faziam. Entendi então que finalmente renascíamos. Éramos novamente fortes, diferentes do que já havíamos sido, mas incrivelmente fortes. Tive a certeza de que #Tudocomeçapelofim cumprirá digna e lindamente seu papel.

Mas estamos no meio do caminho. O período sabático ainda não terminou. Continuamos blindando o processo e quem está de fora pouco ou absolutamente nada sabe sobre a história que estamos contando. Permaneceremos assim por mais algum tempo. É salutar. Tem nos feito bem, para que mudar agora. Precisava apenas realizar esta postagem aqui como um marco. Chegamos ao meio do caminho. E que venham mais desafios. Estamos prontos. 













quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Reflexão e balanço final do ano de 2013

O ano de 2013 para o Grupo Brinquedo Torto foi um ano de muito trabalho e muito aprendizado. Nunca se trabalhou tanto. Foram dois espetáculos em temporada, festa de cinco anos, documentário, livro lançado, mais de 40 alunos divididos nos dois núcleos, chegamos próximos à marca de 100 alunos-atores que já se apresentaram pelo grupo, participação no II Festival Fundação das Artes de Teatro Estudantil com excelente avaliação da crítica especializada, um público estimado de 1000 pessoas atingido, muita reflexão e transformação pela arte. E é importante lembrar que estamos falando de um grupo estudantil, composto por adolescentes, não se trata de um grupo profissional. Observando sob este prisma, os números chegam a assustar.

Gran Circo Pimienta 2.0, espetáculo carro-chefe das comemorações de aniversário do grupo, estreou no dia 10 de Março, dia em que completávamos 5 anos de vida e o resultado não poderia ter sido melhor. Espetáculo revisitado e aprimorado, banda ao vivo, núcleo de acrobática e mágicas enriqueceram o espetáculo que tinha casa cheia praticamente todos os dias. Uma remontagem que em nada deixa a desejar em relação à primeira e que a supera em alguns fatores. Nas conversas pós espetáculos, afinal era "impossível sair de lá sem conversar e ir comer uma pizza", digeríamos juntos com o público o produto artístico que consumíamos. Sempre, nestes momentos, ouvíamos falar da importância e do impacto social do projeto. Gran Circo foi reflexo nisso e trouxe em seu bojo "A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis."
"Zé Burrego", como carinhosamente chamamos, foi também um espetáculo de grande envergadura. Pesquisa corporal, máscara neutra, texto e canções compostas por um Núcleo de Dramaturgia composto por alunos e uma ex-integrante, responsável pela direção musical de um elenco que cantava e tocava; cenário e figurino muitíssimo bem cuidados; um elenco alegre, bem entrosado que dava conta de uma mensagem e uma estrutura narrativa complexa. Dois espetáculos de qualidade, muita coisa dita sobre eles:

 "Teatro de gente grande"

“(...) um certo ar de megalomania, sem o qual não seria possível sequer vislumbrar o resultado que se sucedeu. Uma peça teatral, um processo pedagógico. O crescimento dos atores-educandos, num processo teatral como ferramenta pedagógica, e o resultado-espetáculo como pedagogia social.”

“A gente vê teatro, estuda teatro, faz teatro, mas assistir a "fenômenos teatrais" como esse são raros.”

“Já dizia Ferreira Gullar: ´A arte existe porque a vida não basta.' Este grupo dá sentido a esta frase"”

“ um coletivo rico e potente.”

“Enfim, é um espetáculo que nos enche de esperança num futuro melhor para o mundo. Um espetáculo que nos deixa encantados”

Mas nem tudo são flores. O ano nos reservou grandes dificuldades, talvez algumas das maiores da nossa história. Elenco, após três anos de trabalho, em fase de transição e fim de ciclo necessitou de atenções especiais em virtude de conflitos pessoais e coletivos próprios da idade. Um revés também nos abalou: não fomos selecionados para o FETO, seria a primeira vez que o grupo seria selecionado dois anos seguidos; foi uma grande frustração, que nos gerou energia para a criação de um novo projeto: “Potência”, intercâmbio cultural entre nós, os grupos Trup´iê (Diadema), Colibri e Tatu Bola (Pará de Minas) e Pégasus (Florestal – MG). E como foi duro conseguir recursos para essa viagem, produzida sem qualquer apoio institucional. Todos os grupos envolvidos fizeram das tripas coração até que finalmente todos os recursos estavam disponíveis. Mas na véspera, um motivo de força maior, daqueles trágicos e inesperados impossibilitou-nos de viver aquela experiência. Dessa forma, a 1ª Edição do Projeto Potência aconteceu em Pará de Minas sem nossa presença e foi digna e belamente realizada por nossos irmãos mineiros.

Este acontecimento trágico encerrou nossas atividades em 2013. Não tínhamos mais forças nem condições mentais e emocionais de prosseguirmos. Até mesmo a apresentação do Núcleo de Iniciação foi cancelada. Há coisas contra as quais não podemos lutar, e embora o show tenha que continuar, a vida precede o show, e em certos momentos é preciso antes viver, parar, respirar, chorar um pouco para depois secar o rosto e só então voltar aos palcos. Não foi o final que gostaríamos de ter tido, nem o que planejamos para um ano tão produtivo, mas foi aquele escrito pelo Maior dos Dramaturgos e, como personagens de sua peça, aceitamos e cumprimos nosso papel, não nos restava alternativa.

Houve muita tristeza e dificuldade. Como diziam meus professores, “Teatro é duro” e só fica quem é do ramo. O ano de 2013 acabou, mas toda a vivência, todo o aprendizado fica e não pode ser desconsiderado. No final, após encerrar-se de cada temporada, é ele também que permanece: o crescimento, o aprendizado, a evolução ou como quiserem chamar. E no frigir dos ovos é isso o que importa. Afinal, fazemos teatro para sermos pessoas melhores e para, quem sabe, através disso, contribuirmos para a formação de um mundo um pouco melhor.

E que venha 2014 com novos desafios, mais um processo de renovação, grandes planos, grandes aprendizados, espetáculos, canções e o que mais de positivo pudermos desejar.

Agradeço profundamente a cada integrante do elenco, principalmente aos que se despedem do grupo, e a todos que nos acompanharam em nossa jornada: Carol Tello, preparadora corporal e irmã que não tive, Roberta Conde, cenógrafa e figurinista (amor de minha vida), Cleide Evelin, aluna, amiga do coração e compositora de mão cheia; Leandro Souza, cúmplice e carregador de piano, Edson Negrita, professor de Ukulele e Guilherme Góes, professor de rítmica, dois parceiros que conquistamos este ano (Estejam sempre conosco!), a Renato e Sila Rocha da ABID, à direção do Colégio Central Casa Branca e a nossos amigos mineiros dos grupos Colibri e Tatu Bola, em especial a meu irmão Rony Morais e sua equipe (Gleison, Wellington, Renato, Dian, Sormano, Inês e toda turma). Não posso esquecer das famílias que sempre nos apoiaram. Nosso muito obrigado!

Feliz 2014 e muita merda! RESPEITO! UNIÃO! GARRA! DISCIPLINA! AMOR! 

Varlei Xavier