sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Renascimento e reflexão em cena


Espetáculo “Tudo começa pelo fim” marca e reflete sobre início do processo de renovação de Grupo de Teatro Estudantil

Dia 20 de Setembro, às 20h00min estreia no Colégio Central Casa Branca a nova montagem do Grupo Brinquedo Torto, que ficará em temporada por um mês no Espaço Cultural do Colégio. Selecionado para participar do Festival Fundação das Artes de Teatro Estudantil, “Tudo começa pelo fim” é um espetáculo que propõe uma reflexão sobre o tema “recomeço”.

Após uma experiência trágica no fim de 2013, o grupo iniciou um processo de renovação e reflexão sobre si próprio. Através de uma obra forte e rica em diversidade de assuntos, conta-se a história de Marta, menina introvertida, que encontra na dança uma forma de relacionar-se com o mundo. Mas uma fatalidade altera o abala as estruturas de sua família e de sua própria vida para sempre. Marta e seus familiares serão obrigados a olhar para trás, corrigir os erros e recomeçar.
Esta é a décima quarta montagem do grupo, fundado em 2008 e que há anos figura na cena teatral estudantil da região como grupo referência, tanto pelo número de trabalhos realizados e relevância das propostas. Com participações e prêmios em festivais de teatro dentro e fora do Estado, em 2013, um livro contando todos os processos de montagem da história do grupo foi lançado, juntamente com uma série de ações que comemoravam os cinco anos de teatro.
O grupo também tem vocação para o intercâmbio, o diálogo e a articulação entre coletivos do mesmo segmento. Em 2013, foi responsável pela criação do Projeto Potência, intercâmbio cultural entre grupos estudantis das cidades de Santo André, Diadema (SP), Pará de Minas e Florestal (MG). Este ano, o intercâmbio acontecerá no ABC e outros grupos da Região também estarão envolvidos.

Serviço:


Texto: Tudo começa pelo fim (Nome provisório)

Gênero: Drama Psicológico
Dramaturgia: Miguel Tescaro e Varlei Xavier
Canções: Cleide Evelin e Varlei Xavier
Sinopse: Marta, menina de personalidade forte e introspectiva, foge de casa com medo da consequência de seus atos. Arrependida, vaga pela cidade sem rumo. Após horas de procura, seu pai e seu irmão a encontram e na volta para casa, algo terrível ocorre. Nada será como antes. Marta terá de reerguer-se, reconstruir-se, encarar sua família, ou o que sobrou dela, de frente. Mas não há heróis ou vilões. Há seres humanos, que precisarão, a despeito de seus erros, recomeçar após um trágico fim.
Temporada: Dias 20, 21, 27 e 28 de Setembro, 05, 18 e 19 de Outubro (Sábado às 20:00, domingo às 19:00)
Local: Colégio Central Casa Branca - Rua 11 de Junho, 521, Bairro Casa Branca - Santo André
Ingresso: R$20,00 (Inteira), R$10,00 (meia)
Classificação etária: 12 anos

Contatos:



Responsável: Varlei Xavier
(11)973193436
Página do Grupo no Facebook


Página da personagem principal do espetáculo.


Vídeos de promoção:




sábado, 31 de maio de 2014

Do meio do caminho



Aqui venho eu postar informações sobre este novo processo e refletir sobre o ano que estamos tendo. Lá vem Junho e chegamos no meio do ano. Meio do caminho para nós. Acho que já é hora de dar notícias. 


"No mundo judaico antigo, um de cada sete anos era destinado por lei ao repouso compulsório. A terra não podia ser cultivada, as dívidas se extinguiam, os escravos conquistavam a liberdade. Não era permitido sequer colher os frutos das árvores. Terminado esse período, conhecido como ano sabático, tinha início um novo ciclo de vida.

Nos dias atuais, o sabático está de novo em evidência, mas agora com um novo significado, de caráter pessoal. A ideia básica ainda é realizar uma pausa prolongada antes de uma nova etapa. Mas já não se trata apenas de deixar a terra inculta. A meta agora é cultivar o espírito, para que algo novo floresça.


(...) os adeptos do sabático abandonam afazeres e responsabilidades para mergulhar dentro de si mesmos, em uma jornada de redescoberta e reinvenção."

Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2013/05/periodo-sabatico-e-uma-opcao-para-quem-quer-se-descobrir-4141304.html

Desde o fim de 2013, entramos em período sabático. Era preciso refletir, repensar e reinventar-se. Não seria fácil. Além disso, tínhamos a certeza de que um ciclo na história do grupo havia se fechado. Nada seria mais como antes. Foram três anos desde o início daquela geração que estreou com "Guerreiros Meninos", passou por "O Carteiro de Bonecas", "Gran Circo 2.0" e despediu-se em "A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis". A renovação seria um processo, não repentina e abrupta, mas lenta e trabalhosa.

Assim começou nosso 2014: Com uma oficina-teste para a formação do novo elenco. Como todo teste pelo qual passa o grupo, seu objetivo não é separar o bom do ruim, conceitos discutíveis. O teste é apenas um momento para cada integrante observar o que lhe espera e acontece quase uma auto-seleção. Desta vez não seria diferente, mas seríamos muito mais rigorosos. Não gostaríamos de repetir fórmulas e erros do passado e para isso, era preciso que fôssemos sinceros, duros e verdadeiros com quem viria. 




O novo é assustador. A primeira semana foi bastante tensa e dos 12 inicialmente inscritos, a auto-seleção reservou-nos 6 nomes para o novo elenco, sendo metade (3 integrantes) remanescentes da geração anterior. Um grupo que há anos vinha se acostumando com elencos de 18, 20 pessoas, mostrava-se então reduzido a um terço do que antes era considerado normal. Foi difícil para todos nós encarar uma mudança tão radical. Muitas dúvidas, perguntas e algumas revoltas vinham à mente de todos: elenco, equipe, direção. Era difícil entender e reconhecer o próprio grupo. Nada seria realmente como antes. 



Em meio a conflitos e lutas iniciaram-se os trabalhos e o primeiro alento veio com a leitura de uma cena escrita por Miguel Tescaro, ator que pertenceu à geração que terminava e que assumia a dramaturgia do grupo. Uma cena forte como queríamos. Vínhamos de duas comédias e era importante mudar o universo de pesquisa. Logo o ensaio pegou fogo. Vieram outras cenas e o fogo se alastrando. Fomos percebendo o que nos movia a contar aquela historia: nós mesmos, nossa própria jornada de renascimento. Nosso próprio período sabático. Mais uma vez falávamos do próprio grupo.  


Gente nova chegou no meio do processo, precisávamos de mais um ator e uma musicista. Eles vieram e finalmente chegamos à configuração ideal do grupo. Novamente havia um grupo, uma nova sintonia vinha sendo criada. Uma nova identidade coletiva vinha sendo desenvolvida. Eram horas de discussão e debate acerca de nossa história, do tema proposto e de questões relacionadas. Estávamos prontos para finalmente começar a levantarmos o espetáculo. Mais um momento de conflito. 

Não era um texto fácil. Cheio de nuances e particularidades, tem sido difícil resolver questões técnicas, de compreensão da proposta e execução por um elenco em sua maioria inexperiente. E é um trabalho longo, árduo e que não se solucionará em um passe de mágica. Mas a magia tem se dado por meio dos valores do grupo: RESPEITO por si mesmo, pelo grupo e pelos parceiros; UNIÃO, um grupo menor, mais próximo, coeso; GARRA e força de vontade para executar tudo o que é pedido; DISCIPLINA, a cada dia com horário, com as faltas que hoje quase não existem, com a roupa de ensaio, sempre preta; AMOR por si próprio, pelo trabalho, pelo grupo, pela arte. Tudo executado com retidão.

Resultado: um cronograma feito já prevendo problemas, mas foi cumprido à risca. Nesta semana marcamos a última cena de um espetáculo que estreia apenas em Setembro. Ou seja: temos tempo suficiente para atingirmos a profundidade de que precisamos. Nunca havíamos conseguido cumprir cronogramas desta forma. Sempre havia faltas, atrasos, textos não memorizados e todo o tipo de imprevistos, que não ocorreram desta vez. Era isso que buscava no início do ano. Um elenco realmente comprometido com o ideal do grupo, com o processo de montagem, com a arte. Que se dane a experiência, ela se ganha, técnica se adquire, se desenvolve, mas essa dedicação é difícil de conseguir. Mesmo que se peça, se implore, só acontece se as pessoas envolvidas realmente quiserem e estarem dispostas. E hoje todos estão. Os ônibus "atrasam" menos, cada um sabe de suas responsabilidades, pouca gente fica "doente" ou tem "compromissos inadiáveis" na hora do ensaio. É até engraçado dizer isso. Mas sinto orgulho deste elenco apenas por eles cumprirem seus deveres da maneira que cumprem. Só isso já me deixaria orgulhoso independente do resultado a que chegássemos. 

E nesta quinta feira, durante a marcação da última cena, a magia aconteceu. A ficha caiu. A história que contamos finalmente veio à tona. Enquanto o elenco marcava a última cena, músicos e direção acompanhavam emocionados cada fala, cada gesto cada lágrima que caía do rosto daqueles 7 heróis, que com suas mãos vinham reconstruindo a história do próprio grupo através daquela metáfora. Foi um dos momentos mais marcantes que vivi nestes 6 anos de jornada. Terminada a última música, fiz algo de que não me lembro ter feito outra vez num ensaio, na marcação de uma última cena: aplaudi aqueles meninos, e fui até a cena dar-lhes um beijo na testa por aquilo que haviam criado: uma sintonia profunda. A emoção tocou uma das atrizes e todo o elenco deixou-se tocar também, puro jogo, relação profunda entre ator-ator-equipe-plateia. Revisamos mais algumas cenas, havia muitas questões técnicas a serem resolvidas, mas parei para assistir o elenco realmente atuando, defendendo seu personagem, reagindo a tudo o que os outros faziam. Entendi então que finalmente renascíamos. Éramos novamente fortes, diferentes do que já havíamos sido, mas incrivelmente fortes. Tive a certeza de que #Tudocomeçapelofim cumprirá digna e lindamente seu papel.

Mas estamos no meio do caminho. O período sabático ainda não terminou. Continuamos blindando o processo e quem está de fora pouco ou absolutamente nada sabe sobre a história que estamos contando. Permaneceremos assim por mais algum tempo. É salutar. Tem nos feito bem, para que mudar agora. Precisava apenas realizar esta postagem aqui como um marco. Chegamos ao meio do caminho. E que venham mais desafios. Estamos prontos. 













quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Reflexão e balanço final do ano de 2013

O ano de 2013 para o Grupo Brinquedo Torto foi um ano de muito trabalho e muito aprendizado. Nunca se trabalhou tanto. Foram dois espetáculos em temporada, festa de cinco anos, documentário, livro lançado, mais de 40 alunos divididos nos dois núcleos, chegamos próximos à marca de 100 alunos-atores que já se apresentaram pelo grupo, participação no II Festival Fundação das Artes de Teatro Estudantil com excelente avaliação da crítica especializada, um público estimado de 1000 pessoas atingido, muita reflexão e transformação pela arte. E é importante lembrar que estamos falando de um grupo estudantil, composto por adolescentes, não se trata de um grupo profissional. Observando sob este prisma, os números chegam a assustar.

Gran Circo Pimienta 2.0, espetáculo carro-chefe das comemorações de aniversário do grupo, estreou no dia 10 de Março, dia em que completávamos 5 anos de vida e o resultado não poderia ter sido melhor. Espetáculo revisitado e aprimorado, banda ao vivo, núcleo de acrobática e mágicas enriqueceram o espetáculo que tinha casa cheia praticamente todos os dias. Uma remontagem que em nada deixa a desejar em relação à primeira e que a supera em alguns fatores. Nas conversas pós espetáculos, afinal era "impossível sair de lá sem conversar e ir comer uma pizza", digeríamos juntos com o público o produto artístico que consumíamos. Sempre, nestes momentos, ouvíamos falar da importância e do impacto social do projeto. Gran Circo foi reflexo nisso e trouxe em seu bojo "A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis."
"Zé Burrego", como carinhosamente chamamos, foi também um espetáculo de grande envergadura. Pesquisa corporal, máscara neutra, texto e canções compostas por um Núcleo de Dramaturgia composto por alunos e uma ex-integrante, responsável pela direção musical de um elenco que cantava e tocava; cenário e figurino muitíssimo bem cuidados; um elenco alegre, bem entrosado que dava conta de uma mensagem e uma estrutura narrativa complexa. Dois espetáculos de qualidade, muita coisa dita sobre eles:

 "Teatro de gente grande"

“(...) um certo ar de megalomania, sem o qual não seria possível sequer vislumbrar o resultado que se sucedeu. Uma peça teatral, um processo pedagógico. O crescimento dos atores-educandos, num processo teatral como ferramenta pedagógica, e o resultado-espetáculo como pedagogia social.”

“A gente vê teatro, estuda teatro, faz teatro, mas assistir a "fenômenos teatrais" como esse são raros.”

“Já dizia Ferreira Gullar: ´A arte existe porque a vida não basta.' Este grupo dá sentido a esta frase"”

“ um coletivo rico e potente.”

“Enfim, é um espetáculo que nos enche de esperança num futuro melhor para o mundo. Um espetáculo que nos deixa encantados”

Mas nem tudo são flores. O ano nos reservou grandes dificuldades, talvez algumas das maiores da nossa história. Elenco, após três anos de trabalho, em fase de transição e fim de ciclo necessitou de atenções especiais em virtude de conflitos pessoais e coletivos próprios da idade. Um revés também nos abalou: não fomos selecionados para o FETO, seria a primeira vez que o grupo seria selecionado dois anos seguidos; foi uma grande frustração, que nos gerou energia para a criação de um novo projeto: “Potência”, intercâmbio cultural entre nós, os grupos Trup´iê (Diadema), Colibri e Tatu Bola (Pará de Minas) e Pégasus (Florestal – MG). E como foi duro conseguir recursos para essa viagem, produzida sem qualquer apoio institucional. Todos os grupos envolvidos fizeram das tripas coração até que finalmente todos os recursos estavam disponíveis. Mas na véspera, um motivo de força maior, daqueles trágicos e inesperados impossibilitou-nos de viver aquela experiência. Dessa forma, a 1ª Edição do Projeto Potência aconteceu em Pará de Minas sem nossa presença e foi digna e belamente realizada por nossos irmãos mineiros.

Este acontecimento trágico encerrou nossas atividades em 2013. Não tínhamos mais forças nem condições mentais e emocionais de prosseguirmos. Até mesmo a apresentação do Núcleo de Iniciação foi cancelada. Há coisas contra as quais não podemos lutar, e embora o show tenha que continuar, a vida precede o show, e em certos momentos é preciso antes viver, parar, respirar, chorar um pouco para depois secar o rosto e só então voltar aos palcos. Não foi o final que gostaríamos de ter tido, nem o que planejamos para um ano tão produtivo, mas foi aquele escrito pelo Maior dos Dramaturgos e, como personagens de sua peça, aceitamos e cumprimos nosso papel, não nos restava alternativa.

Houve muita tristeza e dificuldade. Como diziam meus professores, “Teatro é duro” e só fica quem é do ramo. O ano de 2013 acabou, mas toda a vivência, todo o aprendizado fica e não pode ser desconsiderado. No final, após encerrar-se de cada temporada, é ele também que permanece: o crescimento, o aprendizado, a evolução ou como quiserem chamar. E no frigir dos ovos é isso o que importa. Afinal, fazemos teatro para sermos pessoas melhores e para, quem sabe, através disso, contribuirmos para a formação de um mundo um pouco melhor.

E que venha 2014 com novos desafios, mais um processo de renovação, grandes planos, grandes aprendizados, espetáculos, canções e o que mais de positivo pudermos desejar.

Agradeço profundamente a cada integrante do elenco, principalmente aos que se despedem do grupo, e a todos que nos acompanharam em nossa jornada: Carol Tello, preparadora corporal e irmã que não tive, Roberta Conde, cenógrafa e figurinista (amor de minha vida), Cleide Evelin, aluna, amiga do coração e compositora de mão cheia; Leandro Souza, cúmplice e carregador de piano, Edson Negrita, professor de Ukulele e Guilherme Góes, professor de rítmica, dois parceiros que conquistamos este ano (Estejam sempre conosco!), a Renato e Sila Rocha da ABID, à direção do Colégio Central Casa Branca e a nossos amigos mineiros dos grupos Colibri e Tatu Bola, em especial a meu irmão Rony Morais e sua equipe (Gleison, Wellington, Renato, Dian, Sormano, Inês e toda turma). Não posso esquecer das famílias que sempre nos apoiaram. Nosso muito obrigado!

Feliz 2014 e muita merda! RESPEITO! UNIÃO! GARRA! DISCIPLINA! AMOR! 

Varlei Xavier 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Texto de Jeniffer Alvite

Leia o texto que Jennifer Alvite, atriz que se despede do Grupo Brinquedo Torto este ano, escreveu para todos do grupo. Jeniffer utilizou recortes de textos que montamos para celebrar sua despedida neste texto emocionante.

"Vou contar para vocês uma história. Mas não é uma história que escrevi não, é uma história que fizemos acontecer... Estava eu quieta em minha vida quando dou de cara com uma oportunidade. Eu não podia recusar e não recusei... É, mal sabia eu que não era apenas dizer um texto que não é de minha autoria. Não pensei que poderia me apegar tanto a alguém “que perdeu sua boneca”. Não sabia que podia ser tão louco, tão divertido e importante...
  Sabe vou te contar... O que aprendi dá pra um caminhão lotar! Com todo o conhecimento que vocês me deram! Aprendi que a gente “não precisa de muito pra ser feliz, apenas de alguém que nos quer bem.”... Vi que tenho mais amigos do que pensei. “EU PRECISO DE VOCÊ!” foi uma das maiores verdades da minha vida e “PODE CONTAR COMIGO!” foi o maior compromisso que já tive com alguém. Apesar de meu silêncio sempre estive lá, palavras podem algumas vezes me parecer desnecessárias quando podemos sorrir...
   Saía de casa todos os dias em busca de razão e emoção em história que Grupo Brinquedo Torto contava nas sextas-feiras e finais de semana. “Saí em busca de algo que não conhecia, e estou encontrando a mim mesma. Queria te agradecer. Porque se não fosse pelo que aprendi com vocês, eu nunca tomaria essa atitude. Obrigada por ser meu exemplo.”
  Pois é cai nas graças de tuas poesias e emoções, dedilhados e luta diária! Parece que é isso que chamam de felicidade, satisfação ou até mesmo potência de agir... Porque não?
    Em barreado o tempo voa. E voa mesmo passara-se um ano, chegara hora de dar adeus como chegamos: Cantando mais uma canção. “Cada um faz agora o seu destino diferente!”
  Diferente. Esse esforço de tentar viver, e sorrir e encarar a vida de frente, chamando nossas alegrias de Destino e nossas tristezas de Acidentes, aprendi vendo vocês, fazendo com vocês!
  “Dormir, sonhar. Primeiro estou de olhos abertos, daí eu fecho os olhos, nem percebo o tempo, quando eu abro os olhos de novo, já é outro dia.” Nem vi o tempo passar. O tempo corria tanto e tanto que felicidade escorria em todo canto!
  Era a hora...
“Te escrevo essa última carta.”
 – Última?
– “Sim. Última carta, para te agradecer eternamente, porque sou o resultado de todo seu esforço e carinho. Obrigada por existir e fazer com que eu exista. Também quero te pedir que não fique triste.” Não chore Dora.”
  Me sinto como Isa... Que saiu de casa, e embarcou em uma grande aventura, uma aventura que eu queria poder prolongar mais e mais... Vocês me ensinaram o que é viver o belo... Obrigada por me ajudarem a fazer o meu destino diferente, nunca enchi tanto meu coração. Apesar de tudo, só tenho uma coisa pra dizer “VALEU A PENA EH EH!”"

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Crítica de "A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis", por Renato Mendes

É com prazer que compartilho com todos vocês a crítica que Renato Mendes fez do espetáculo "A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis". Renato foi meu aluno, não passou pelo Brinquedo Torto, mas esteve sempre presente em nossa trajetória. Agora, formando-se ator pela Unesp, após assistir "Zé Burrego", ele nos presenteou com esta análise carinhosa.
Nosso Muito obrigado!

Para se Reler uma Política tão Jovem

            Abre-se o livro grandioso. Com páginas de pano tingido e gotas de suor, do qual saltam estórias, crônicas, das personagens da Terra dos Inúteis, narra uma fábula. Fábula esta que se mescla com a história de um grupo de teatro, um grupo de colegiais, um legado de um professor-diretor.
            O Grupo Brinquedo Torto, projeto pedagógico que já envolveu mais de noventa jovens em suas quase dez formações desde sua fundação, em 2008, teve agora, em 2013, a temporada de estreia de seu mais novo espetáculo, A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis.
O inesperado público é surpreendido por uma multidão incontável de jovens cantantes burlescos de vigor inabalável, que tomam os corredores e o fronte do teatro. Narram, cantam, instigam o que dali se transcorrerá. Apresentam-se enquanto grupo, demonstram sua unidade, esta, concisa como a de raros grupos profissionais. Dentro do teatro, parodiam-se então figuras arquetípicas das relações de poder: um rei corrupto, uma “cúpula” (à qual o rei se refere sempre com ênfase na primeira sílaba) caótica e desgovernada, e figuras variadas, porém sempre verossímeis das camadas abaixo da população. Abelardo, o Alto, “reisidente”, espécie de rei-presidente, eleito para a realeza, decreta o fim da leitura, e incentiva atividades banais para o grosso da população, lembrando-nos de que a nenhuma forma de governo interessa que o público se fomente de sento crítico. E daí transcorre-se a trama, metáfora de uma sociedade.
            Ao fundo da encenação, o cenário se caracteriza por um livro de estórias, gigantesco, que ao virar de suas páginas dá pano de fundo à quatro peças que acontecem simultaneamente: o já citado reisidente, decretando leis com sua cu-pula; membros emburrecidos da população, que se divertem com banalidades, três marias fofoqueiras que não se contem em questionar o que está acontecendo pelas ruas; e um grupo de resistência, já que se tratam de arquétipos, pois onde houver repressão sempre existirá a subversão.
Estes, resistentes, traficam entre si entorpecentes de libertação, proibidos por lei: trechos de sonetos e poemas, que os fazem alucinar, poetizar, enquanto esperam uma profetizada chegada de um herói, um Zé Burrego, mais burro que todos os burros, que encontrara um livro, sem nem ao menos saber a que este serve, e que traria com sua arma improvável a ruína do regime instaurado.
 Todas as criaturas fabulares trazidas à vida por meio de um treinamento intensivo em mascaradas, dádiva enfocada na Commedia dell’ Arte italiana.
            O teor crítico, e mais do que isso, o anseio pela criticidade, refletem o momento no qual o mutirão de estudantes e seu professor forjaram o texto. Um Brasil tomado por manifestações de rua. Primeiro, os vinte centavos abusivos da tarifa de transporte público nas capitais. Depois, uma miscelânea de todas as reivindicações políticas que se possa imaginar. Em uma “ágora de Babel”, onde toda a cidadania se manifestava, e raramente um ao outro se entendia, bandeiras e anti-bandeiras eram levantadas, em uma aura política de incertezas onde só não estava confuso quem estivesse muito mal informado. À todas as múltiplas visões que se levantaram, vêm surpreendente aquela multidão de jovens, que tomaram o palco como a população tomou as ruas, e traz sua vontade de participar, talvez único consenso nas tais manifestações. Talvez, de fato, seja necessário um olhar juvenil para entender o que aconteceu com nossa política, também tão jovem.
Para traduzir uma política ainda embrionária, um professor-diretor abriu espaço para seus tantos estudantes. Um projeto marcado por treino estético intensivo nas interpretações, uma escrita de texto próprio, segmentado, epicisado por quatro-em-um, criações inquietações musicais originais dos jovens, e um certo ar de megalomania, sem o qual não seria possível sequer vislumbrar o resultado que se sucedeu.
            Uma peça teatral, um processo pedagógico. O crescimento dos atores-educandos, num processo teatral como ferramenta pedagógica, e o resultado-espetáculo como pedagogia social.




Por Renato Mendes – Ator, professor, dramaturgo e pesquisador de teatro.


Formando pelo Instituto de Artes da Unesp.


segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Comentários do público

Denise Hyginio (Sobre a última semana de "Zé Burrego")
Hoje assisti a última apresentação de "A Jornada de Zé Burrego na Terra do Inúteis", do Grupo Brinquedo Torto. Fiquei completamente extasiada em ver um grupo de adolescentes tão entregues, tão inteiros em cena. A gente vê teatro, estuda teatro, faz teatro, mas assistir a "fenômenos teatrais" como esse são raros. Parabéns Varlei Xavier pelo lindo trabalho com o grupo. Não preciso nem dizer o quanto sou sua fã né, rs. Espero muito que consigam tocar esse espetáculo em frente! 


Rosemeire Benedita da Silva (Sobre a apresentação de "O Carteiro de Bonecas" na Emeb Prof. Ermínia Paggi) 
Que espetáculo Varlei Xavier Nogueira! Como é bom sair do senso comum e oferecer qualidade de texto, interpretação e direção para nossas crianças! Sub julgamos as crianças, como se não fossem capazes de compreender um texto mais complexo! A prova foi no Ermínia, crianças de escola pública e que percebem logo o que é bom!
Parabéns e obrigada!

Maria Hyginio (Sobre a última semana de "Zé Burrego")

"Zé Burrego na Terra dos Inúteis" foi simplesmente MARA! Uma grande produção. Amei o grupo, bem entrosado e talentoso, a composição musical, figurino, expressão corporal e texto riquíssimo. E aquela introdução, divina! Tudo muito bem feito! Mais peças 
como essa e claro, acessível a todos, talvez com o tempo, causassem mudanças significativas, trouxessem reflexão e conscientização para uma sociedade, onde muitos infelizmente, contribuem direta ou indiretamente para que tudo permaneça "dando certo"num sistema de governo que não respeita seu povo. Parabéns ao grupo, a todos os envolvidos e ao brilhante diretor.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Destaques do Festival Fundação das Artes de Teatro Estudantil


Na última segunda-feira, dia 30 de Outubro, nós do Grupo Brinquedo Torto participamos do Festival Fundação das Artes de Teatro Estudantil com o espetáculo "A jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis". Com caráter não competitivo, o Festival expõe o trabalho a apreciação de profissionais da área, que comentam a peça e apontam os destaques da obra.   Nosso trabalho foi analisado pelos professores Pedro Alcântara e Sônia Azevedo. Confira abaixo o texto em que os professores apontam os destaques do espetáculo.

"Composição coletiva, na qual cada aluno contribui para o conjunto. O texto merece uma atenção pelo conteúdo e a maneira colaborativa que foi concebido. Destacamos a qualidade para o trabalho de pesquisa corporal. Cenário, figurino, músicas e coreografias dialogaram em harmonia para um excelente resultado. Uma direção segura. Já dizia Ferreira Gullar: ´A arte existe porque a vida não basta.' Este grupo dá sentido a esta frase" (Pedro Alcântara) 

"O espetáculo 'A Jornada de Zé Burrego na Terra dos Inúteis' é, no mínimo surpreendente. Elenco grande e afinado, organizadíssimo e criativo. Tudo está ali. Tudo é impecável e rigoroso. E todos são felizes. O cenário simples e lindo compõe com as máscaras e o figurino um visual incrível, digno dos grandes espetáculos. As coreografias e o canto em coro dão conta de um coletivo rico e potente. Há neles alegria e entusiamo tão essenciais ao trabalho em teatro. O texto, atualíssimo, é uma resposta ao mundo que esses jovens têm ao seu redor. Enfim, é um espetáculo que nos enche de esperança num futuro melhor para o mundo. Um espetáculo que nos deixa encantados." (Sônia de Azevedo)  

Agradecemos imensamente pela generosidade e carinho com que os analisadores fizeram seus apontamentos. Um abraço forte a Ana Paula Demambro, Simone Zaidan e Celso Correia Lopes pela luta e o esforço de manter vivo este Festival tão importante para a região. Fica também nossa vontade de estreitar laços com os outros grupos que participaram do Festival, no intuito de potencializar as transformações que o teatro pode suscitar nos jovens que dele se utilizam para comunicar-se e vencer seus próprios desafios.

Grande abraço aos amigos do Coletivo Apoena (Subprefeitura da Vila Prudente). Como já disse seu diretor, Cacá Rodrigues: "Agora já somos parceiros". Ao Grupo de Teatro Arbos de São Caetano: "Ana, conte comigo. Sou seu fã". Agradeço pelas cores do Teatro de Colorir e pela sabedoria de André Felix. À Trup´iê, grupo irmão: Satisfação e Potência sempre. Vocês moram no nosso coração. Muita força à Cia Teatral Altos devaneios. Muito carinho à Elaine Ferreira e ao Grupo de Teatro Villare e meu agradecimento pelas reflexões promovidas pelo espetáculo. Muita SORTE ao grupo "Ah! Azar!" e um até logo, encontros em breve. Ao pessoal de Lins, Pablo Matta e Cia de Dentro da Casa, meu forte abraço e o desejo de um reencontro em breve.

VIDA LONGA AO FESTIVAL E AOS ENCONTROS POR ELE PROMOVIDOS. EVOÉ! 

SOBRE O FESTIVAL
O Festival Fundação das Artes de Teatro Estudantil, em sua segunda edição, “é um espaço para incentivar a criação e circulação de espetáculos produzidos nas escolas de ensino regular. Surgiu com uma forma de abrir um espaço para uma produção artística que é muito relevante no panorama cultural, mas que nem sempre encontra espaço para ser apresentado”, afirma Celso Correia Lopes, coordenador da Escola de Teatro da Fundação.
Em 2013, o Festival conta com onze espetáculos participantes, de cinco cidades diferentes (São Paulo, São Caetano, Diadema, Santo André e Lins, no interior do Estado). Além disso, a proposta não é competitiva, mas sim colaborativa. Cada espetáculo é avaliado isoladamente por uma comissão formada por professores da Escola de Teatro e artistas renomados do teatro profissional.